Circunferência abdominal
Pegue a fita métrica e meça a cintura. Se você for mulher, com
circunferência abdominal acima de 88 cm, ou homem, com mais de 102 cm,
preste atenção.
Tradicionalmente, o grau de obesidade é medido pelo índice de massa corpórea, calculado dividindo-se o peso pela altura elevada ao quadrado (IMC = peso / altura x altura).
IMC abaixo de 18,5 kg/m² caracteriza desnutrição; entre 18,5 e 24,9 é a faixa do peso saudável; entre 25 e 29,9, a do excesso de peso; 30 ou mais, a da obesidade.
Diversos estudos demonstraram que pessoas obesas (IMC > 30) apresentam mortalidade mais elevada do que as de IMC dentro da normalidade (entre 18,5 e 24,9). No outro extremo, quando o IMC cai abaixo de 18,5, a mortalidade volta a aumentar.
Esses estudos, entretanto, são contaminados pela influência de fatores como fumo, doenças preexistentes, emagrecimento recente, pequeno número de participantes e período curto de observação.
Além disso, o IMC é um parâmetro impreciso, porque não permite discriminar se o excesso de peso está ligado à exuberância do tecido gorduroso ou à hipertrofia dos músculos. Não permite, ainda, diferenciar se o tecido adiposo está mais concentrado no abdômen -situação de risco mais alto- ou nos glúteos e nas coxas, localizações menos ameaçadoras. Essas limitações diminuem a acurácia do IMC na identificação daqueles com maior probabilidade de desenvolver doenças crônicas, como as cardiovasculares, diabetes e câncer.
O acúmulo de gordura na região abdominal não envolve apenas questões estéticas, guarda relação direta com a deposição de tecido adiposo no interior da cavidade abdominal, característica associada ao aumento da mortalidade geral. Já a gordura presente na região glútea ou nas coxas tem efeito metabólico menos pernicioso.
O maior estudo já realizado sobre a influência da circunferência abdominal na mortalidade da população, nas diversas faixas do IMC, acaba de ser publicado por James Cerhan e colaboradores da Mayo Clinic, nos Estados Unidos.
Foram avaliados 11 estudos prospectivos, conduzidos entre 650 mil participantes. Em cada uma das quatro faixas de IMC —desnutrição, peso saudável, excesso de peso e obesidade— os participantes foram divididos em seis subgrupos, separados por incrementos de 5 cm na circunferência abdominal.
Os índices de mortalidade de cada subgrupo foram comparados com os daqueles em que os participantes apresentavam a menor circunferência abdominal (dentro daquela faixa de IMC).
Durante o período de observação, ocorreram 78 mil óbitos. Tanto em homens como em mulheres, a medida da circunferência abdominal esteve fortemente ligada à mortalidade geral.
Comparados aos homens com circunferência menor do que 90 cm, aqueles com 110 cm ou mais apresentaram mortalidade 52% maior. Mulheres com 95 cm ou mais tiveram mortalidade 80% mais alta do que aquelas com circunferência abaixo de 70 cm.
Para cada 5 cm de aumento na circunferência abdominal houve aumento de 7% na mortalidade masculina e de 9% na feminina, dados que se repetiram em todas as faixas do IMC, com exceção daquela abaixo de 20 kg/m², nos homens. A associação foi mais acentuada entre os 20 e 59 anos de idade, mas foi documentada mesmo entre os participantes de 70 a 84 anos.
Comparados com o subgrupo de menor circunferência abdominal, os homens com circunferência maior perderam aproximadamente três anos de vida; nas mulheres, a perda foi de cinco anos. A associação mais evidente foi com doenças respiratórias e cardiovasculares, a relação com as mortes por câncer foi menos clara, embora significativa.
Há evidências de que a atividade física moderada combinada com dietas menos calóricas provoca mudanças metabólicas capazes de evitar a instalação de doenças como diabetes, hipertensão arterial, ataques cardíacos e derrames cerebrais, mesmo quando a perda de peso corpóreo é inferior a 3%.
Mediu a cintura? Ultrapassou os limites citados?
A menos que você tenha certeza de que ao despedir-se deste vale de lágrimas será recebido por um coro de anjos de cabelos encaracolados, não perca tempo: aumente a atividade física e reduza o número de calorias ingeridas. Você não precisa comer tanto.
Postado em 22/03/2014 por:
drauzio varella
Tradicionalmente, o grau de obesidade é medido pelo índice de massa corpórea, calculado dividindo-se o peso pela altura elevada ao quadrado (IMC = peso / altura x altura).
IMC abaixo de 18,5 kg/m² caracteriza desnutrição; entre 18,5 e 24,9 é a faixa do peso saudável; entre 25 e 29,9, a do excesso de peso; 30 ou mais, a da obesidade.
Diversos estudos demonstraram que pessoas obesas (IMC > 30) apresentam mortalidade mais elevada do que as de IMC dentro da normalidade (entre 18,5 e 24,9). No outro extremo, quando o IMC cai abaixo de 18,5, a mortalidade volta a aumentar.
Esses estudos, entretanto, são contaminados pela influência de fatores como fumo, doenças preexistentes, emagrecimento recente, pequeno número de participantes e período curto de observação.
Além disso, o IMC é um parâmetro impreciso, porque não permite discriminar se o excesso de peso está ligado à exuberância do tecido gorduroso ou à hipertrofia dos músculos. Não permite, ainda, diferenciar se o tecido adiposo está mais concentrado no abdômen -situação de risco mais alto- ou nos glúteos e nas coxas, localizações menos ameaçadoras. Essas limitações diminuem a acurácia do IMC na identificação daqueles com maior probabilidade de desenvolver doenças crônicas, como as cardiovasculares, diabetes e câncer.
O acúmulo de gordura na região abdominal não envolve apenas questões estéticas, guarda relação direta com a deposição de tecido adiposo no interior da cavidade abdominal, característica associada ao aumento da mortalidade geral. Já a gordura presente na região glútea ou nas coxas tem efeito metabólico menos pernicioso.
O maior estudo já realizado sobre a influência da circunferência abdominal na mortalidade da população, nas diversas faixas do IMC, acaba de ser publicado por James Cerhan e colaboradores da Mayo Clinic, nos Estados Unidos.
Foram avaliados 11 estudos prospectivos, conduzidos entre 650 mil participantes. Em cada uma das quatro faixas de IMC —desnutrição, peso saudável, excesso de peso e obesidade— os participantes foram divididos em seis subgrupos, separados por incrementos de 5 cm na circunferência abdominal.
Os índices de mortalidade de cada subgrupo foram comparados com os daqueles em que os participantes apresentavam a menor circunferência abdominal (dentro daquela faixa de IMC).
Durante o período de observação, ocorreram 78 mil óbitos. Tanto em homens como em mulheres, a medida da circunferência abdominal esteve fortemente ligada à mortalidade geral.
Comparados aos homens com circunferência menor do que 90 cm, aqueles com 110 cm ou mais apresentaram mortalidade 52% maior. Mulheres com 95 cm ou mais tiveram mortalidade 80% mais alta do que aquelas com circunferência abaixo de 70 cm.
Para cada 5 cm de aumento na circunferência abdominal houve aumento de 7% na mortalidade masculina e de 9% na feminina, dados que se repetiram em todas as faixas do IMC, com exceção daquela abaixo de 20 kg/m², nos homens. A associação foi mais acentuada entre os 20 e 59 anos de idade, mas foi documentada mesmo entre os participantes de 70 a 84 anos.
Comparados com o subgrupo de menor circunferência abdominal, os homens com circunferência maior perderam aproximadamente três anos de vida; nas mulheres, a perda foi de cinco anos. A associação mais evidente foi com doenças respiratórias e cardiovasculares, a relação com as mortes por câncer foi menos clara, embora significativa.
Há evidências de que a atividade física moderada combinada com dietas menos calóricas provoca mudanças metabólicas capazes de evitar a instalação de doenças como diabetes, hipertensão arterial, ataques cardíacos e derrames cerebrais, mesmo quando a perda de peso corpóreo é inferior a 3%.
Mediu a cintura? Ultrapassou os limites citados?
A menos que você tenha certeza de que ao despedir-se deste vale de lágrimas será recebido por um coro de anjos de cabelos encaracolados, não perca tempo: aumente a atividade física e reduza o número de calorias ingeridas. Você não precisa comer tanto.
Postado em 22/03/2014 por:
drauzio varella
Médico cancerologista, dirigiu o serviço de Imunologia do Hospital
do Câncer. Um dos pioneiros no tratamento da Aids no Brasil e do
trabalho em prisões. Escreve aos sábados, a cada duas semanas.
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